Cleptomania
Cleptomania é um transtorno cuja característica mais proeminente é a impossibilidade de controlar o impulso de furtar.
Grande parte dos cleptomaníacos não dá início ao tratamento porque tem vergonha e não admite a seriedade de sua condição
O que é Cleptomania?
A Cleptomania é classificada pelo DMS IV como um dos Transtornos do
Controle dos Impulsos, justamente porque sua característica mais
marcante é a incapacidade em resistir ao impulso de furtar, mesmo que o
objeto furtado não seja útil, necessário ou de qualquer valor.
Como se faz o diagnóstico?
Alguns critérios são propostos para se realizar o diagnóstico de
cleptomania, entre eles: o fracasso em resistir ao impulso de furtar; a
vivência de ansiedade antes do furto e satisfação/alívio após o furto; o
furto deve estar desassociado de qualquer forma de expressão de um
sentimento (como raiva, vingança) ou como resposta a qualquer tipo de
delírio; e o furto não pode ser explicado por outros transtornos como de
Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno da Personalidade Antissocial.
Ou seja, para ser considerado um cleptomaníaco, o ato de furtar não pode
ser consequência de outro estado de adoecimento mental.
Quais são os tipos de Cleptomania?
Não se pode falar em tipos, mas podemos distinguir três formas de atuação do Cleptomaníaco:
Esporádica– com episódios breves de furtos e longos períodos de remissão;
Episódicas– com longos períodos furtando e curtos períodos de remissão;
Crônica– constantes furtos acompanhados de culpas imediatas ou remissão de curtíssima duração.
O que o Cleptomaníaco costuma furtar?
Em geral, os objetos furtados são coisas que o sujeito tem poder
aquisitivo para obter, já que normalmente não se trata de objetos de
grande valor comercial, justamente porque o prazer está no ato de
furtar, e não em possuir o objeto que, na maioria das vezes, é
dispensado. Em alguns casos, o objeto é jogado fora ou se torna presente
para alguém. Há casos ainda em que o sujeito coleciona os objetos
furtados, ou ainda os devolve ao local do furto sem levantar suspeitas.
O Cleptomaníaco não tem medo?
Os indivíduos com Cleptomania evitam cometer os furtos quando
pressentem qualquer tipo de repressão imediatamente após cometer o ato,
como quando tem algum policial ou segurança olhando, quando estão sendo
filmados etc. Mas isso não quer dizer que eles planejem furtar, ou
ainda, que calculem as consequências com rigor, como a possibilidade de
ser pego.
Isso não quer dizer que a Cleptomania não provoque reações adversas no
sujeito. Os cleptomaníacos frequentemente experienciam a sensação de
culpa, de medo de serem presos ou ainda depressão por não conseguirem
controlar esse impulso. A Cleptomania compromete a vida social,
profissional e pessoal do sujeito.
Como se trata a Cleptomania?
A maior dificuldade é iniciar o tratamento, porque grande parte dos
cleptomaníacos não procura ajuda especializada, uma vez que tem vergonha
ou não admite a seriedade de sua condição. O tratamento dos casos de
cleptomania inclui acompanhamento psicológico e, em alguns casos,
farmacológico, com medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos. O
tratamento psicológico consiste, na maioria das vezes, em utilizar
técnicas como a Dessensibilização sucessiva, a Dessensibilização
imaginária, ou ainda, em técnicas que buscam ressignificar o furto, a
ansiedade e o prazer dele decorrentes.
Como saber mais?
Existem poucas publicações sobre cleptomania no Brasil. Em sua maioria,
os livros especializados não estão traduzidos para o português. Para
aqueles que tiverem interesse, o livro Kleptomania – The Compulsion to Steal - What can be done?, de Marcus J. Goldman, é uma leitura bastante interessante, já que discute propostas interventivas, sua eficácia ou fracasso.
Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola