O Processo de Urbanização
A urbanização consiste na aglomeração populacional nas cidades em virtude do surgimento das sociedades industriais, gerando uma série de implicações para o espaço geográfico.
Grande aglomeração de pessoas, prédios, pavimentação, iluminação são características de áreas urbanas.
O termo urbanização tem origem na expressão latina urbi, que significa cidade. Por outro lado, urbi
é derivada da palavra suméria Ur, uma das duas primeiras cidades da
história, localizada na região da Mesopotâmia e formada por volta do ano
de 6000 a.C. Estudos arqueológicos apontam para outra localidade na
Mesopotâmia, Uruk, como sendo a primeira cidade notoriamente ‘urbana’.
Em torno de 3500 a.C., Uruk já contava com um arranjo estrutural
avançado, estimulado pelas atribuições comerciais e o desenvolvimento da
escrita cuneiforme.
Mesmo com essa analogia entre o urbano e a cidade, na verdade, a cidade
é o local do urbano, pois nem toda cidade é plenamente urbana, por
vezes as funções da cidade podem estar relacionadas ao extrativismo e à
agropecuária. Uma área urbana tem como preceitos uma grande aglomeração
de pessoas vinculadas às relações complexas da industrialização, a
circulação de mercadorias, pessoas e os fluxos de capitais. Todas essas
características se complementam quando analisamos uma paisagem
tipicamente urbana, marcada pelos equipamentos urbanos como prédios,
pavimentação, iluminação, obras estruturais e o intenso individualismo
que marca a era das metrópoles.
Nesse sentido, a urbanização como nós conhecemos foiiniciadaa partir da
Revolução Industrial, no século XVIII, a princípio na Inglaterra e
depois se espalhando por outras localidades da Europa e nos Estados
Unidos. As primeiras fábricas provocaram um grande êxodo rural pela
necessidade de absorção de mão de obra e formação de mercados
consumidores. Concomitantemente, as máquinas da Revolução Industrial
invadiram o campo, mecanizando a lavoura e expulsando os camponeses de
suas terras.
O fenômeno urbano chegou acompanhado por uma série de problemas. As
primeiras aglomerações urbanas da Inglaterra e da França combinavam
poluição atmosférica, falta de saneamento básico e condições precárias
de vida para os seus habitantes. Na segunda metade do século XIX, o
planejamento urbano nos países ricos considerou todos esses problemas,
tornando as áreas urbanas mais adequadas às funções econômicas, mas sem
deixar de atender às demandas da sociedade. Em países como o Brasil, a
urbanização foi lenta e demorou mais tempo para se concretizar. As
funções coloniais adiaram a modernização das cidades brasileiras que
estavam limitadasao fornecimento de matérias-primas, pois a colônia não
poderia atingir um nível de organização que se equivalesse ao da
metrópole.
Apenas com a difusão da atividade industrial no Brasil, consolidada
após a 2ª Guerra Mundial, é que foram definidos os rumos da urbanização
brasileira. Isso significa que os países que tiveram um processo de
industrialização tardia, como o Brasil, também tiveram uma urbanização
tardia e sem planejamento. O êxodo rural iniciado no Brasil na década de
1950 provocou um inchamento das cidades, conhecido nos dias de hoje
como a macrocefalia urbana. Tanto que, no ano de 1950, a população
urbana brasileira representava um total de 18,8 %. Em 1965, esse
percentual alcançou mais de 50 %, tornando o Brasil um país urbano.
Esse retrospecto colaborou para a ocorrência dos desafios urbanos
presentes nos países subdesenvolvidos industrializados, como a falta de
saneamento básico, enchentes, violência urbana, sistema de transporte
ineficiente, carência de moradias, aumento da informalidade e a
segregação socioespacial. A baixa qualidade de vida e as diversas
modalidades de poluição e degradação ambiental estão fortemente
atreladas ao imaginário de paisagem urbana das grandes cidades do mundo
subdesenvolvido.
De acordo com os relatórios oficiais das Nações Unidas, a população
mundial passou a ter mais pessoas vivendo nos centros urbanos do que nas
áreas rurais no ano de 2008. Atualmente, o urbano corresponde a 52,1 %
da população do planeta. Nos países desenvolvidos, essa média é de
77,7%, contra 46,5 % nos países subdesenvolvidos. Segundo o Censo 2010
realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o
Brasil possui 84,4 % de sua população de cerca de 190 milhões de
habitantes vivendo em áreas consideradas urbanas.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Colaborador Brasil Escola
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