Poemas





Remorso
Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

(Olavo Bilac)



 Por: Gean Cardoso

Saudades

Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra !
     (Casimiro de Abreu)

Por: Gean Cardoso

 



Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia;
As Aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sábia".  

Autor: Gonçalves Dias
Por : Fernanda Lima



Medo de amar
Petrópolis
O céu está parado, não conta nenhum segredo
A estrada está parada, não leva a nenhum lugar
A areia do tempo escorre de entre meus dedos
Ai que medo de amar!


O sol põe em relevo todas as coisas que não pensam
Entre elas e eu, que imenso abismo secular...
As pessoas passam, não ouvem os gritos do meu silêncio
Ai que medo de amar!


Uma mulher me olha, em seu olhar há tanto enlevo
Tanta promessa de amor, tanto carinho para dar
Eu me ponho a soluçar por dentro, meu rosto está seco
Ai que medo de amar!


Dão-me uma rosa, aspiro fundo em seu recesso
E parto a cantar canções, sou um patético jogral
Mas viver me dói tanto! e eu hesito, estremeço...
Ai que medo de amar!


E assim me encontro: entro em crepúsculo, entardeço
Sou como a última sombra se estendendo sobre o mar
Ah, amor, meu tormento!... como por ti padeço...
Ai que medo de amar!


Autor. Vinicius de Moraes 
Por: Kezia Thaynara




Presságio

O AMOR, quando se revela,

Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente

Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,

Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe

O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Autor: Fernando Pessoa
Por: Gean Vinicius

COMO NASCEM AS MANHÃS

O fundo dos olhos da noite
guarda silêncios.
Esconde-se na retina
a menina que corre descalça em campo aberto.
Pálpebras cerradas, a noite emudece.
A menina com medo
faz um furo no escuro com a ponta do dedo.
Cai um pingo de luz.
Amanhece.

Autor: FLORA FIGUEIREDO
Por: Luani Zimmermann



Dá-me a tua mão
 Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio
Autor: Clarice Lispector
Por: Bruna Apª


As coisas que aprendi na vida...

Aprendi que não importa o quanto eu me importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.

Aprendi que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-me de vez em quando. Mas eu preciso perdoá-la por isto.
Aprendi que falar pode aliviar minhas dores emocionais.
Aprendi que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la.
Aprendi que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
Aprendi que eu posso fazer, em instantes, coisas das quais me arrependerei pelo resto da vida
Aprendi que o que importa não é o que eu tenho na vida, mas quem eu tenho na vida.
Aprendi que os membros de minha família são os amigos que não me permitiram escolher.
Aprendi que não tenho que mudar de amigos, e, sim, compreender que os amigos mudam.
Aprendi que as pessoas com quem eu mais me importava na vida me foram tomadas muito depressa.
Aprendi que devo deixar sempre as pessoas que amo com palavras amorosas. Pode ser a última vez que as vejo.
Aprendi que as circunstâncias e o ambiente têm influência sobre mim, mas eu sou responsável por mim mesmo.
Aprendi que não devo me comparar aos outros, mas com o melhor que posso fazer.
Aprendi que não importa até onde eu chegue, mas para onde estou indo.
Aprendi que não importa quão delicado e frágil seja algo, sempre existem dois lados.
Aprendi que vou levar muito tempo para eu me tornar a pessoa que quero ser.
Aprendi que eu posso ir mais longe depois de pensar que não posso mais.
Aprendi que ou eu controlo meus atos ou eles me controlarão.
Aprendi que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário, enfrentando as conseqüências.
Aprendi que ter paciência requer muita prática.
Aprendi que existem pessoas que me amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar isso.
Aprendi que meu melhor amigo e eu podemos fazer muitas coisas, ou nada, e termos bons momentos juntos.
Aprendi que a pessoa que eu espero que me pise, quando eu estiver caído, é uma das poucas que me ajudarão a levantar.
Aprendi que há mais dos meus pais em mim do que eu supunha.
Aprendi que quando estou com raiva, tenho direito de estar com raiva. Mas isto não me dá o direito de ser cruel.
Aprendi que só porque alguém não me ama do jeito que eu quero não significa que esse alguém não me ame com tudo que pode.
Aprendi que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiências que eu tive, e o que aprendi com elas, do que com quantos aniversários já celebrei.
Aprendi que nunca devo dizer a uma criança que sonhos são bobagens, ou que estão fora de cogitação. Poucas coisas são mais humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse em mim.
Aprendi que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, tenho que aprender a perdoar a mim mesmo.
Aprendi que não importa em quantos pedaços meu coração foi partido. O mundo não pára para que eu o conserte.
Apenas aprendi...
as coisas que aprendi na vida!

Autor: Willian Shakespeare
Por: Bruna Apª 



Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
 

Autor: Fernando Pessoa
Por: Bruna Apª


Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos,quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador.
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

Autor: Fernando Pessoa

Por: Fernanda Lima



 
Arte de Amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.


Porque os corpos se entendem, mas as almas não.


Autor: Manuel Bandeira

Por: Kezia Thaynara



MENINA DOS OLHOS VERDES

Menina dos Olhos Verdes
Que não se cansam de chorar
Pára um pouco e olhe você
Porque a vida não pode parar
Aceite o destino...
Sem muito perguntar
Olhe o mar olhe as matas
Tem a cor dos seus olhos
Olhos de quem sabe amar
Você um dia me perguntou
O que é amar?
Não sei se respondi!
Porém tenho a certeza
Amar é um termo sem conceito
É gostar do gostar
É sonhar sem preconceito
De quem busca por buscar
São desejos reprimidos
De quem voa e não sabe voar...
Menina dos Olhos Verdes
Relaxe sem relaxar
Lembre sem lembrar
Ouça sem ouvir
Saia sem sair
Faça seu mundo e navegue
Sem navegar
Seu barco é a cama
Seu remo o travesseiro
Seu mar o banheiro
Seu suor o chuveiro
O lençol sua toalha
A coberta meu corpo
De quem sonhou e faz sonhar
Desejos são para desejar
Você já plantou desejo?
Plante que eu vou regar
Menina dos Olhos Verdes
Amo-te muito

Autor: Camões

Por: Thiago Almeida

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