Conferência Rio +20 e a Emissão de Gases Estufa
A Conferência Rio+20 deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas; o que inclui a diminuição da emissão de gases estufa.
Dos dias 13 a 22 de junho de 2012 será realizada na cidade do Rio de
Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20. O objetivo principal dessa Conferência é renovar o
compromisso político com o desenvolvimento sustentável.
No mundo todo há um consenso de que o progresso é necessário, porém ele deve caminhar junto - e não em detrimento
- da qualidade de vida, promovendo um ambiente seguro na sociedade. Não
se pode negar que o desenvolvimento da tecnologia trouxe enorme impacto
positivo nos campos social e político. Entretanto, o crescimento
desordenado das cidades também trouxe consequências negativas.
Um dos maiores problemas ambientais, que é considerado como um fenômeno
determinante para o futuro da humanidade e elemento essencial a ser
considerado na elaboração de políticas públicas e estratégias de
desenvolvimento, é a emissão de gases estufa.
A Química está envolvida nesse problema, e nas possíveis soluções dele também. Para entendermos como isso se dá vejamos o que é o efeito estufa, quais são os gases responsáveis por esse fenômeno, quais são algumas propostas do Brasil
para a Rio+20 relacionadas a esse tema, e que medidas serão tomadas
durante a Conferência a fim de que ela própria não contribua para uma
maior produção de gases estufa; como costuma ocorrer na preparação e realização de um evento de grande porte como esse.
O que é o efeito estufa:
A Terra funciona como uma grande estufa. Uma estufa é uma câmara
fechada, cujas paredes e teto, geralmente de vidro, permitem que raios
solares entrem, mas dificultam a saída da energia calorífica. Isso
mantém o ambiente aquecido para cultivar plantas em locais frios.
A Terra realiza um mecanismo similar, que mantém o clima terrestre
ameno, sem grandes variações. Nosso planeta recebe a radiação solar, que
ao chegar à superfície terrestre é refletida na forma de radiação
infravermelha, que seria irradiada toda para o espaço, deixando a Terra
fria e com ambiente inapropriado para o desenvolvimento da vida. No
entanto, na atmosfera existem os gases estufa, que absorvem grande parte
dessa radiação que é refletida pela superfície, aquecendo a Terra.
O efeito estufa é importante para a manutenção da vida. No entanto, o
que ocorre é que a concentração desses gases na atmosfera está
aumentando cada vez mais, em decorrência de atividades humanas
(principalmente a queima de combustíveis fósseis em indústrias e nos
veículos automotores). O resultado é uma exacerbação do efeito estufa e o
aquecimento global.
Quais são os gases estufa:
Propostas do Brasil para a Rio+20 relacionadas com o efeito estufa:
Os gases responsáveis pelo efeito estufa, que absorvem a radiação
infravermelha e que estão sendo lançados cada vez mais na atmosfera pelo
ser humano, são:dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), ozônio (O3), clorofluorcarbonetos (CFC’s) e hidroclorofluorcarbonetos (HCFC’s).
Vejamos mais sobre os dois principais:
- Dióxido de carbono (CO2): Mais conhecido como gás carbônico, é um grande vilão do efeito estufa. Para se ter uma ideia, anualmente cerca de 2 650 bilhões de toneladas de dióxido de carbono são lançadas na atmosfera. Seu tempo médio na atmosfera é de 100 anos, o que nos leva a concluir que para que a concentração desse gás na atmosfera diminua são necessárias grandes reduções em suas emissões.
No Brasil, as maiores fontes de emissão desse gás são queimadas em
florestas da região amazônica, de canaviais, de cerrados, de campos e da
queima de combustíveis fósseis, principalmente vindos do petróleo em
motores a explosão.
- Metano (CH4): É um hidrocarboneto que pode se formar de modo natural, como em minas de carvão e nos pântanos por apodrecimento dos vegetais, e por ação humana, como na extração e utilização de combustíveis fósseis e na decomposição anaeróbica de restos orgânicos por bactérias que se multiplicam nos aterros sanitários. Estima-se que a emissão desse gás atinja um total de, pelo menos, 515 milhões de toneladas por ano.
No Brasil sua emissão se dá pelas grandes quantidades de gado bovino e
pela presença de extensas regiões que são periodicamente cobertas pelas
águas.
No Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20
são apresentadas as visões e propostas iniciais do Brasil sobre os
temas e objetivos da Conferência. Entre eles estão aspectos relacionados
ao efeito estufa. Veja alguns:
- Criar incentivos e promover reformas que visam ampliar o uso de fontes energéticas renováveis, como energia hidrelétrica, geração de energia elétrica a partir da biomassa, energia eólica, solar, e outras não convencionais, como resíduos sólidos, microalgas e efluentes;
- Melhorar as tecnologias de produção de combustíveis automotores mais limpos, incentivando o uso de combustíveis renováveis, como os biocombustíveis;
-
Aproveitamento de aterros sanitários para a produção de energia (biogás). A combustão do biogás contribui para a diminuição da emissão de gases-estufa, ao transformar metano (seu principal componente) em gás carbônico (vinte vezes menos prejudicial ao meio ambiente). Além disso, gera energia, diminui riscos de acidentes e aumenta a qualidade de vida em seu entorno;
Iniciativas para identificar as empresas mais sustentáveis. O documento citado diz: “No Brasil, a BM&FBOVESPA estabeleceu, em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial, que mede o retorno de uma carteira de ações de empresas com reconhecido comprometimento com a sustentabilidade. Em 2010, foi lançado o Índice Carbono Eficiente (ICO2), que recalcula o IBrX (indicador composto pelas 50 ações mais negociadas na Bolsa) com base nas emissões de gases de efeito estufa das empresas.”
Esse assunto também faz parte da pauta de temas da Conferência Rio+20, e
já na sua preparação houve uma preocupação com a poluição ambiental que
poderia ser gerada nesse evento. Por isso, o Governo brasileiro criou o
Comitê Nacional de Organização (CNORIO+20), que instituiu uma
Coordenação de Sustentabilidade para analisar os possíveis impactos
ambientais e propor atividades que possam reduzir ou compensar tais
impactos.
Entre as áreas de atuação dessa Coordenação está exatamente a emissões
de gases de efeito estufa (GEE). Os principais aspectos que estão sendo
mensurados são:
- Tipos de combustíveis usados nos veículos terrestres e nos equipamentos fixos;
- Energia elétrica utilizada nos locais do evento;
- Resíduos gerados;
- Viagens aéreas dos delegados credenciados e secretariado das Nações Unidas.
A expectativa é que os resíduos e emissões gerados será de 5 mil
toneladas, e aquelas que não puderem ser reduzidas durante o evento
serão compensadas através do uso das “reduções certificadas de emissão”
(RCEs), provenientes de projetos brasileiros do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). A Coordenação, inclusive, já identificou
empresas brasileiras que irão realizar a doação de RCEs.
Além disso, a Coordenação de Sustentabilidade da Rio+20 fez uma
parceria com a Caixa Econômica Federal e com o PNUD Brasil, para o uso
de um aplicativo que calcula as emissões decorrentes das viagens aéreas.
Os participantes da Rio+20 poderão usá-lo para medir suas emissões de
transporte aéreo e comprar RCEs provenientes de projetos brasileiros do
MDL e com isso fazer as devidas compensações.
Mais detalhes sobre essas estratégias podem ser vistas nos seguintes endereços eletrônicos do site oficial da Conferência:
- Emissão de Gases de Efeito Estufa
- Gestão de Emissão de Gases de Efeito Estufa
brasilescola.com
Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química
Graduada em Química
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