Foi em 10
de maio de 1994 que o primeiro negro da história assumiu a presidência da
África do Sul.
O líder sul-africano Nelson Mandela foi um dos mais
importantes sujeitos políticos atuantes contra o processo de discriminação
instaurado pelo apartheid, na África do Sul, e se tornou um ícone internacional
na defesa das causas humanitárias. Nascido em 18 de julho de 1918, na cidade de
Transkei, Nelson Rolihlahla Mandela era filho único do casal Henry Mgadla
Mandela e Noseki Fanny, que integrava uma antiga família de aristocratas da
casa real de Thembu.
Mesmo após ter suas posses e privilégios retirados pela ingerência da Coroa
Britânica na região, a família viveu um período de tranqüilidade, até quando
Henry Mgadla faleceu inesperadamente, em ano de 1927. Com essa reviravolta em
sua vida familiar, a mãe de Mandela se viu obrigada a deixar seu unigênito sob
os cuidados de Jongintaba Dalindyebo, parente da família que tinha condições de
zelar pela vida e a educação de Nelson Mandela.
Nesse período de sua vida, o jovem Mandela teve oportunidade de ter uma ampla
formação educacional influenciada pelos valores de sua própria cultura e da
cultura européia. Com isso, o futuro ativista político conseguiu discernir como
o pensamento colonial se ocupava em dizer aos africanos que eles deveriam se
inspirar nos “ditames superiores” da cultura do Velho Mundo. Após passar pelas
melhores instituições de ensino da época, o bem educado rapaz chegou à
Universidade de Fort Hare.
No ambiente universitário, Mandela teve oportunidade de tomar conhecimento da
luta contra o apartheid promovida pelo Congresso Nacional Africano (CNA).
Entretanto, antes de lutar contra o problema social que tomava seu país, Nelson
Mandela se voltou contra as tradições de seu próprio povo ao não se sujeitar a
um casamento arranjado. Mediante o impasse, o jovem se refugiou na cidade de
Johannesburgo, onde trabalhou em uma imobiliária e, logo em seguida, em um
escritório de advocacia.
Vivendo nesta cidade, Mandela aprofundou ainda mais seu envolvimento com as
atividades do CNA e deu continuidade aos seus estudos no campo do Direito. No
ano de 1942, com o apoio de companheiros como Walter Sisulu e Oliver Tambo,
fundou a Liga Jovem do CNA. Na década de 1950, os ativistas aliados à Mandela
resolveram realizar uma grande manifestação de desobediência civil onde
protestavam com as políticas segregacionistas impostas pelo governo do Partido
Nacional.
Essa grande manifestação política resultou na elaboração da Carta da Liberdade,
importante documento de luta onde a população negra oficializava sua
indignação. Em 1956, as autoridades prenderam Nelson Mandela e decidiram
condená-lo à morte pelo crime de traição. No entanto, a repercussão
internacional de sua prisão e julgamento serviram para que o líder ficasse em liberdade. Depois
disso, Mandela continuou a conduzir os protestos pacíficos contra a ordem
estabelecida.
Em março de 1960, um trágico episódio incitou Nelson Mandela a rever seus meios
de atuação política. Naquele mês, um protesto que tomou conta das ruas da
cidade de Sharpeville resultou na morte de vários manifestantes desarmados.
Depois disso, Nelson Mandela decidiu se empenhar na formação do “Lança da
Nação”, um braço armado do CNA. Naturalmente, o governo segregacionista logo
saiu em busca dos líderes dessa facção e, em 5 de agosto de 1962, Mandela foi
mais uma vez preso.
Após enfrentar um processo judicial, Mandela foi condenado à prisão perpétua,
pena que cumpriria em uma ilha penitenciária localizada a três quilômetros da
cidade do Cabo. Nos vinte e sete anos seguintes, Mandela, o preso “466/64”,
ficou alheio ao mundo exterior e vivia o desafio de esperar pelo tempo em sua
cela. Nessa época, consolidou uma inesperada amizade com James Gregory,
carcereiro da prisão que se impressionou com os valores e a dignidade de seu
vigiado.
Nesse meio tempo, após a desarticulação do movimento anti-apartheid, novos
movimentos de luta surgiram e a comunidade internacional se mobilizou contra a
sua prisão. Somente em 1990 – sob a tutela do governo conciliador do presidente
Frederik Willem de Klerk – Nelson Mandela foi liberto e reconduziu o processo
que deu fim ao apartheid na África do Sul. Em 1992, as leis segregacionistas
foram finalmente abolidas com o apoio de Mandela e Willem de Klerk.
No ano seguinte, a vitória política lhe concedeu o prêmio Nobel da Paz e, em
1994, foram organizadas as primeiras eleições multirraciais da África do Sul. A
vitória eleitoral de Nelson Mandela iniciou o expurgo das práticas racistas do
Estado africano e rendeu grande reconhecimento internacional à Mandela. Depois
de cumprir mandato, em 1999, Mandela atuou em diversas causas humanitárias.
Ainda hoje, o líder sul-africano exerce grande papel na luta contra a AIDS.
Por Rainer Sousa
Graduado em
História
Equipe Brasil Escola
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