terça-feira, 27 de novembro de 2012

Cleptomania

Cleptomania é um transtorno cuja característica mais proeminente é a impossibilidade de controlar o impulso de furtar.

Grande parte dos cleptomaníacos não dá início ao tratamento porque tem vergonha e não admite a seriedade de sua condição
Grande parte dos cleptomaníacos não dá início ao tratamento porque tem vergonha e não admite a seriedade de sua condição
 
O que é Cleptomania?
A Cleptomania é classificada pelo DMS IV como um dos Transtornos do Controle dos Impulsos, justamente porque sua característica mais marcante é a incapacidade em resistir ao impulso de furtar, mesmo que o objeto furtado não seja útil, necessário ou de qualquer valor.
Como se faz o diagnóstico?
Alguns critérios são propostos para se realizar o diagnóstico de cleptomania, entre eles: o fracasso em resistir ao impulso de furtar; a vivência de ansiedade antes do furto e satisfação/alívio após o furto; o furto deve estar desassociado de qualquer forma de expressão de um sentimento (como raiva, vingança) ou como resposta a qualquer tipo de delírio; e o furto não pode ser explicado por outros transtornos como de Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno da Personalidade Antissocial. Ou seja, para ser considerado um cleptomaníaco, o ato de furtar não pode ser consequência de outro estado de adoecimento mental.
Quais são os tipos de Cleptomania?
Não se pode falar em tipos, mas podemos distinguir três formas de atuação do Cleptomaníaco:
Esporádica– com episódios breves de furtos e longos períodos de remissão;
Episódicas– com longos períodos furtando e curtos períodos de remissão;
Crônica– constantes furtos acompanhados de culpas imediatas ou remissão de curtíssima duração.
O que o Cleptomaníaco costuma furtar?
Em geral, os objetos furtados são coisas que o sujeito tem poder aquisitivo para obter, já que normalmente não se trata de objetos de grande valor comercial, justamente porque o prazer está no ato de furtar, e não em possuir o objeto que, na maioria das vezes, é dispensado. Em alguns casos, o objeto é jogado fora ou se torna presente para alguém. Há casos ainda em que o sujeito coleciona os objetos furtados, ou ainda os devolve ao local do furto sem levantar suspeitas.
O Cleptomaníaco não tem medo?
Os indivíduos com Cleptomania evitam cometer os furtos quando pressentem qualquer tipo de repressão imediatamente após cometer o ato, como quando tem algum policial ou segurança olhando, quando estão sendo filmados etc. Mas isso não quer dizer que eles planejem furtar, ou ainda, que calculem as consequências com rigor, como a possibilidade de ser pego.
Isso não quer dizer que a Cleptomania não provoque reações adversas no sujeito. Os cleptomaníacos frequentemente experienciam a sensação de culpa, de medo de serem presos ou ainda depressão por não conseguirem controlar esse impulso. A Cleptomania compromete a vida social, profissional e pessoal do sujeito.
Como se trata a Cleptomania?
A maior dificuldade é iniciar o tratamento, porque grande parte dos cleptomaníacos não procura ajuda especializada, uma vez que tem vergonha ou não admite a seriedade de sua condição. O tratamento dos casos de cleptomania inclui acompanhamento psicológico e, em alguns casos, farmacológico, com medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos. O tratamento psicológico consiste, na maioria das vezes, em utilizar técnicas como a Dessensibilização sucessiva, a Dessensibilização imaginária, ou ainda, em técnicas que buscam ressignificar o furto, a ansiedade e o prazer dele decorrentes.
Como saber mais?
Existem poucas publicações sobre cleptomania no Brasil. Em sua maioria, os livros especializados não estão traduzidos para o português. Para aqueles que tiverem interesse, o livro Kleptomania – The Compulsion to Steal  - What can be done?, de Marcus J. Goldman, é uma leitura bastante interessante, já que discute propostas interventivas, sua eficácia ou fracasso.

Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola

 

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